Fevereiro/2018

Capítulo 3 – Como preparar atividades pedagógicas para todos

Palavras-chave

Adaptação curricular; adaptação curricular de grande porte; adaptação curricular de pequeno porte; adequação curricular; aprendizagem colaborativa; Atendimento Educacional Especializado (AEE); audiodescrição; avaliação; avaliação classificatória; avaliação investigativa; avatar; baixa visão; braille; cegueira; comunicação alternativa e ampliada; Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência; Desenho Universal; Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA); dificuldades de aprendizagem; diversidade; estratégias de ensino; Lei Brasileira de Inclusão de Pessoas com Deficiência; leitura fácil; Libras; órteses; Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva; Política Nacional de Proteção dos Direitos de Pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA); pranchas de comunicação; profissional de apoio; recursos pedagógicos acessíveis; Sala de Recursos Multifuncionais (SRM); softwares de acessibilidade; surdocegueira.


Resumo[1]

Você está convidado a refletir sobre os aspectos que contribuem para tornar a prática pedagógica mais eficiente: para ser inclusiva, precisa ser mais concreta e atenta às características individuais.

O professor é o elemento chave do processo pedagógico.

Para preparar atividades pedagógicas que sejam para todos, o professor pode utilizar muitas ferramentas e saberes: o conhecimento que adquiriu, desde sua formação acadêmica, leituras posteriores, cursos, palestras, participação nas redes sociais e suas vivências, dentro e fora da sala de aula, como mostra esse texto.[2]

Com esse processo contínuo de troca e aprendizagem, a sala de aula se torna um local dinâmico e cheio de vida: professor e alunos estão constantemente aprendendo uns com os outros.

“O senhor… mire, veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam, verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra montão.”

Guimarães Rosa

O planejamento pedagógico traduz o conhecimento e as vivências que você, Professor, traz de sua cultura familiar, de sua trajetória profissional e da interação com os alunos, demais professores e membros da Equipe Escolar.

Preparar atividades pedagógicas, pensar em estratégias de ensino e identificar recursos pedagógicos que sejam acessíveis e atraentes para toda a classe requer pesquisa e envolvimento com a Inclusão. Requer uma postura proativa e um entendimento sistêmico sobre o processo do ensinar e do aprender.

Temos boas notícias para você!

Primeira boa notícia

A primeira boa notícia é: já há muitos materiais de qualidade, recursos tecnológicos, softwares, jogos, vídeos, planos de aula e dicas!

A existência de publicações, sites, blogs, vídeos e canais nas redes sociais é resultado de políticas públicas, do empenho de professores, de iniciativas do MEC, de Secretarias de Educação dos Estados e Municípios, de associações e entidades que atendem pessoas com todos os tipos de deficiência, da creche às universidades.

Estas ferramentas vêm sendo desenvolvidas desde a década de 1990 – ou ainda antes, quando o processo de inclusão começou a dar os primeiros passos. Veja dicas no final deste capítulo.

Segunda boa notícia: fontes de verbas

Há algumas fontes de verba para que escolas públicas desenvolvam a educação inclusiva. Elas variam bastante, conforme o Município e o momento político. Portanto, é papel da Direção da Escola e dos professores prestar atenção e acompanhar estas informações.

Recursos pedagógicos podem ser comprados ou confeccionados com facilidade, pelo professor da classe comum ou pelo professor de AEE. Ou seja: há várias opções para desenvolver um bom trabalho com seu aluno que tem algum tipo de deficiência.

Abaixo citamos alguns exemplos de fontes de recursos:

  • Programa Dinheiro Direto na Escola – PDDE Básico[3] - vem do governo federal, geralmente enviado em duas parcelas anuais. A escola decide a porcentagem que quer investir em custeio (material pedagógico, papelaria, jogos, brinquedos, manutenção de elétrica, hidráulica, etc.) e capital (bens duráveis: TV, rádio, etc.);
  • Desde 2012, várias escolas receberam em parcela única o PDDE - Acessível – para obras e aquisição de bens destinados a promover a acessibilidade;
  • Algumas Prefeituras – São Paulo, por exemplo – recebem também uma verba municipal, que geralmente pode ser destinada para despesas de capital e de custeio.

Florianópolis, SC – um exemplo

Para conhecer as políticas inclusivas deste município, acesse o estudo de caso que tem texto e vídeo: http://diversa.org.br/estudos-de-caso/o-caso-da-escola-donicia-maria-da-costa-florianopolis-santa-catarina-brasil

IMPORTANTE

As verbas federais e municipais não precisam ser solicitadas, mas o Conselho de Escola e a Associação de Pais e Mestres/APM decidem onde e para que serão utilizadas. O Projeto Político Pedagógico/PPP da escola deve mencionar essa possibilidade.

Terceira boa notícia

A terceira boa notícia é: ao tornar o processo de aprendizagem mais concreto, mais participativo e inclusivo, TODOS os seus alunos vão se beneficiar e aprender com mais facilidade. Na maioria das vezes, você vai preparar a mesma aula, eventualmente com alguns ajustes individuais

Ensinar e aprender não podem se dar fora da procura, fora da boniteza e da alegria.

Paulo Freire


Notas:

[1] Temos compromisso com a promoção da igualdade de gênero. Nesta publicação, os termos foram mantidos no gênero masculino, devido à especificidade da língua portuguesa.

[2] http://diversa.org.br/relatos-de-experiencia/escola-aposta-em-acolhimento-e-atuacao-em-rede-para-incluir-crianca-em-situacao-de-risco/

[3] http://portal.mec.gov.br/financiamento-estadual/dinheiro-direto-na-escola

 

Na inclusão, a história de todos conta

A sociedade está mudando rapidamente, exigindo de todos nós uma constante reflexão e mudança de valores e comportamentos. Quantas vezes a gente se sente um pouco desnorteado e diz – ou pensa – “No meu tempo não era assim...”. Maria do Pilar Lacerda conta como era no tempo dela, em Barbacena, MG[4]

Ao desempenhar sua função de professor, talvez você se sinta assim, pois estas questões e perplexidades estão presentes também no cotidiano da escola, nas decisões que a cada instante você precisa tomar, nas ações dos alunos e nas exigências e expectativas das famílias. Você está no meio desse cenário, com sua visão de mundo, com as referências do seu modelo de aprendizagem, lembranças de sua escola. Muitas dessas situações são novas para você – o que fazer?

Voltando para a Educação Inclusiva, que é o nosso foco, tente se lembrar: você teve colegas com deficiência? Ou mesmo professores com deficiência? Como foi essa experiência? Lembra-se de comentários sobre essa condição – ou até mesmo de piadinhas?

Nossas memórias sobre a condição da deficiência influenciam a maneira como atuamos, inclusive na sala de aula. Essa memória é chamada “formativa”, pois compõe nossa visão de mundo, nossos valores e ideais. Elas podem estar tão bem guardadas que não lembramos delas – até que algum fato as desperta.

Que tal “puxar pela memória” e tentar recuperar fatos, comentários ou olhares sobre pessoas com alguma deficiência? Algumas podiam estar em situação de rua, pedindo ajuda... você olhava para elas? Qual era a reação de sua mãe ou do adulto que estava com você? Dizia “Não olhe, porque é feio ficar olhando?”

Refletir sobre o fazer pedagógico também passa pela memória afetiva e pela experiência pessoal e formativa do professor.

Independente de termos – ou não - uma experiência pessoal com pessoas com deficiência, é importante buscar oportunidades para conhecer e conversar com pessoas com deficiência, refletir e ampliar nosso olhar.

Se você tem um ou mais alunos com deficiência em sua sala, aproveite a presença deles para reinventar o fazer pedagógico.

Vivemos um novo tempo, da Inclusão e da Diversidade, quando a Escola abre suas portas para todas as crianças: as que têm deficiência, as que são de outra raça/etnia, as que vêm de famílias com outros arranjos, outras crenças religiosas, outras condições socioeconômicas e culturais, diferentes entre si e talvez também de você, Professor.

Noel Rosa, respeitosamente peço sua licença para contradizê-lo:

Diversidade, ao contrário do samba, também se aprende na escola.

Marta Gil

É importante conhecer tecnologias, teorias, conceitos e fundamentações: tudo isso faz parte de um saber maior.

Porém, para fazer sentido, esse saber deve nos remeter à nossa condição humana, deve propor um olhar para o outro, que é diferente de nós em alguns aspectos, mas que nos faz perceber que somos todos humanos.

Nossa essência é a mesma: apenas os detalhes são diferentes.


Notas:

[4] http://diversa.org.br/artigos/eu-respeito-os-diferentes-conhecendo-a-diferenca/

 

Professor também é aluno

Simone da Costa Lima, professora de inglês da rede pública municipal e professora de Informática Educativa do Colégio Pedro II[5], da cidade do Rio de Janeiro, relata como foi receber uma aluna com deficiência visual em sua sala. Isso aconteceu em 2002[6], quando a Inclusão dava seus primeiros passos, a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência estava sendo discutida e não havia recursos didáticos e de Tecnologia Assistiva[7]que temos hoje.

Mesmo assim... a Inclusão foi possível!

Todo professor é sempre um aprendiz

O grupo de professores da escola municipal onde trabalho foi comunicado, em outubro de 2002, que receberia no ano seguinte uma aluna com deficiência visual.

A princípio houve muitos protestos, inclusive da minha parte. As perguntas eram muitas: Vão jogar a garota aqui e pronto? Os cegos não têm que estudar no Instituto Benjamin Constant[8]? Por que ela virá para nossa escola? Quem vai nos capacitar? Quem vai me ensinar a dar aula pra cego? E o material didático? Ela vai receber os livros em Braille? Eu vou ter que aprender Braille? Eu sou obrigado a dar aula pra ela? Posso escolher outra turma?

O problema maior foi que, na hora da reunião, quando recebemos esta informação, não havia ninguém para responder as perguntas.

O tempo foi passando, as angústias aumentando, as perguntas continuavam sem respostas. Muitas estão sem resposta até hoje. Diziam-nos para ter calma porque, quando a aluna chegasse, as coisas iriam se esclarecer, teríamos o apoio necessário. Com o tempo, percebemos que o apoio e a orientação pedagógica não chegariam sem que nós fôssemos buscá-los e, principalmente, estivéssemos abertos a recebê-los. Só com o tempo percebemos também que ninguém tinha as "respostas", simplesmente porque teríamos que buscá-las dentro de nós mesmos.

Dizer pra uma pessoa ansiosa como eu que teria que esperar até o ano seguinte para saber o que fazer era demais. Comecei, então a buscar informações na Internet. Descobri o site do Instituto Benjamin Constant (IBC).

Fiz o download da fonte Braille Kiama[9], o que me permitiu conhecer o alfabeto Braille. A fonte fica disponibilizada como uma fonte qualquer e, ao ser acionada, permite a visualização dos caracteres em Braille durante a digitação. Depois, eu imprimia, colocava do avesso em cima de um emborrachado e furava os pontos com a ponta de uma caneta fina.

Preparei um pequeno diálogo de apresentação para o primeiro dia de aula da Lindinha (nome fictício). No dia, enquanto ela lia (acompanhando o que eu falava) e ria, eu me segurava para não chorar. Perguntei: "Dá pra entender?" Ela respondeu: "Está pequeno (se referindo ao tamanho da letra), mas dá." Perguntei: "Os sinais de pontuação são diferentes? Não tem letra maiúscula?"

Para continuar a ler o relato da professora Simone da Costa Lima e saber o que aconteceu com Lindinha, acesse: http://www.inclusive.org.br/arquivos/30782


Notas:

[5] O Colégio Pedro II é uma tradicional instituição de ensino público federal, localizado no Estado do >Rio de Janeiro. É o terceiro mais antigo dentre os colégios em atividade no país. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Col%C3%A9gio_Pedro_II

[6] Fonte: E-mail enviado para o Observatório de Educação da Rede SACI/USP. Infelizmente o site da Rede SACI foi desativado em 2010.

[7] O conceito de Tecnologia Assistiva adotado oficialmente no Brasil é: "Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social". In: http://www.infoesp.net/CAT_Reuniao_VII.pdf. Neste capítulo você encontra mais informações sobre Tecnologia Assistiva.

[8] O Instituto Benjamin Constant foi fundado em 1854 na cidade do Rio de Janeiro, pelo imperador D. Pedro II. Foi a primeira escola, no Brasil, para crianças cegas e com baixa visão. http://www.ibc.gov.br

[9] http://www.fontesgratis.com.br/b/BrailleKiama.php

 

Professor, você não está sozinho

Ao receber um aluno com algum tipo de deficiência, você se sentiu abandonado, perdido, sem saber o que fazer e nem por onde começar?

Talvez seu curso de Pedagogia não tenha contemplado este tema; ou até falou sobre isso, mas parecia algo tão distante de sua realidade...

Talvez você não tenha conhecido uma pessoa com deficiência – ou apenas viu de longe, enquanto sua mãe (ou outro adulto) dizia: “Não encara, que é feio”.

Seja como for, o fato é que agora você tem um aluno com deficiência em sua turma e quer fazer o melhor possível. Daí chegam estes sentimentos de receio, de não saber o que fazer.

Respire fundo e se tranquilize.

Vamos conversar sobre isso. Há diversos caminhos, estratégias e possibilidades: a educação inclusiva está acontecendo há anos: já temos um acúmulo de experiências, planos de aula, tecnologias assistivas e recursos pedagógicos. Por outro lado, ainda temos muito a fazer, para ter a escola que queremos.

O primeiro passo é olhar para o cenário todo, não apenas para a sua sala de aula e o seu aluno com algum tipo de deficiência ou alguma dificuldade ou transtorno de aprendizagem (dislexia, dislalia, disgrafia, discalculia, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade ou autismo[10]), que foram mencionados no capítulo 2 deste Guia – e que não são considerados como deficiência.

O desenvolvimento do seu trabalho como Professor não depende apenas da  sua atuação em sala de aula. Há outros fatores envolvidos: a escola, os outros professores, as famílias, as leis, as estratégias de ensino e os recursos didáticos que existem ou que podem ser construídos, como fez a professora Simone da Costa Lima, no relato acima.

Os resultados que seus alunos vão alcançar e a possibilidade de oferecer as melhores oportunidades de aprendizagem para todos, passam necessariamente por todos esses fatores. Em outras palavras – a responsabilidade é sua, mas não exclusivamente sua.

Neste capítulo do “Guia do Educador Inclusivo” você encontra dicas para aprimorar sua prática pedagógica inclusiva. Vamos tratar da parte que lhe compete.


Notas:

[10] http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revispsi/article/view/11111/8805

 

Dez dicas para tornar sua prática pedagógica mais inclusiva

  • Aproveite os horários de trabalho pedagógico coletivo para conversar com outros professores e coordenação sobre eventuais problemas que você está enfrentando. O processo de inclusão começou na década de 1990 e é muito provável que pelo menos um ou dois colegas tenham tido alunos com deficiência em suas turmas;
  • Conheça a história de seus alunos, a qualidade de vida de suas famílias, em que condições vivem, acesso aos serviços de apoio de saúde e assistência social. Como chegam até à escola? Leia esse depoimento:[11]
  • Faça essas perguntas para o aluno e também para o responsável – para sua avó, tia ou quem o acompanha e se responsabiliza por ele.

Esses – e outros – fatores externos à sala de aula influenciam diretamente o resultado do seu trabalho docente.

  • Como é a cultura do bairro[12] onde está a sua escola? E a cultura da família do seu aluno com deficiência? Vieram de outro Estado ou mesmo de outro país? Como consideram a condição da deficiência? Veja como a capoeira foi utilizada para trabalhar a cultura local[13].
  • Observe seu aluno: quais são suas condições físicas? O que ele tem mais facilidade para fazer? Faça essas perguntas para ele e também para sua mãe, que geralmente é quem o acompanha até a escola;
  • Use as referências que estão no final dos capítulos 2 e 3 deste “Guia do Educador Inclusivo”. Você vai encontrar sites, blogs, grupos do Facebook e publicações, com sugestões de materiais pedagógicos, estratégias de ensino, adaptações de recursos tecnológicos que podem servir para o seu aluno. Há muitas outras referências – aqui apresentamos apenas algumas;
  • Faça contato com Universidades, públicas ou particulares, principalmente com os cursos de Educação, Psicologia, Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia, Fisioterapia e Educação Física. Pode haver disciplinas sobre Pessoas com Deficiência e é possível propor parceria: a escola pode receber os universitários como estagiários e dar um atestado. Eles podem desenvolver atividades ou contribuir de alguma forma, como mostra este texto[14]

O curso de Química da UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro tem um grupo que produz material didático para alunos com deficiência visual: Química Acessível: debatendo o ensino de Química para cegos - https://www.facebook.com/groups/quimicacessivel/

  • Se houver alguma instituição/associação que atenda pessoas com deficiência perto de sua escola, faça um contato e proponha parceria: pode ser uma visita para conhecer o trabalho, por exemplo;
  • Caso você conheça jovens ou adultos com deficiência, converse com eles sobre suas experiências na escola. Do que gostaram? Do que sentiram falta? Que sugestões podem dar?
  • Observe como é o relacionamento entre seu aluno com deficiência e os demais colegas: ele fica isolado na sala? E no recreio, brinca com os outros? O que você pode fazer, para que a convivência seja natural e tranquila?
  • Trabalhe em conjunto com o professor do AEE, afinando o planejamento e os conteúdos a serem transmitidos para todos os alunos.

O conteúdo é o mesmo para TODOS os alunos.

A professora da sala comum e a professora do AEE podem pensar em estratégias e recursos para acesso pleno ao currículo, a partir do conteúdo.

É comum que os professores pensem que o conteúdo será adaptado, reduzido ou modificado para alunos com deficiência.

Não é esta a proposta da Educação Inclusiva.

O profissional de apoio

A inclusão é um processo que deve mobilizar todos: a escola[15], os alunos, a sociedade como um todo.

É preciso uma aldeia inteira para educar uma criança.

Provérbio africano

A inclusão é um processo recente e complexo: vamos aprendendo à medida que fazemos. Ou, como se diz popularmente: estamos trocando os pneus com o carro em movimento.

Cada tipo de deficiência tem suas características e cada aluno é único. Portanto, alguns podem ter demandas específicas, que nem sempre o professor da sala comum consegue atender.

A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência - Lei 13.146/2015[16] - dedica o capítulo 4 ao Direito à Educação. Esse direito é garantido em todos os níveis e ao longo da vida.

O item 17 do Art. 28 menciona apenas:

Oferta de profissionais de apoio escolar.

A partir da Lei 12.764/2012[17], que instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e considerou o autismo como sendo uma deficiência, com os mesmos direitos dos outros grupos, a demanda por um profissional de apoio – que já existia – tornou-se mais forte.

O parágrafo único do Artigo 3.o dessa Lei prevê:

Em casos de comprovada necessidade, a pessoa com transtorno do espectro autista incluída nas classes comuns de ensino regular, nos termos do inciso IV do art. 2o, terá direito a acompanhante especializado.

Porém, os textos da Lei 12.764 e da Lei 13.146 são muito genéricos: não especificam quais são os “casos de comprovada necessidade”, nem as funções do acompanhante especializado e também não diz qual é a especialização que deve ter.

Assim sendo, a legislação de cada Município interpreta quais devem ser as funções deste profissional e, consequentemente, qual deve ser o seu perfil profissional.

Em geral, as funções atribuídas a ele se dividem em dois grandes grupos:

  • Auxiliar o aluno nas atividades de alimentação, higiene e locomoção;
  • Assumir, em parceria com o professor da sala, funções específicas relacionadas ao processo de aprendizagem, realizando intervenções que favoreçam ao aluno com deficiência ou dificuldade de aprendizagem o desenvolvimento das atividades planejadas pelo professor de sala.

IMPORTANTE

O profissional de apoio não substituiu a atuação do professor regular. O título é claro: sua função é “apoiar” e não “substituir”.

É frequente que as Secretarias de Educação recebam e há inúmeras solicitações de professor de apoio para crianças que realmente não precisam.

Além disso, na maioria das vezes o professor de apoio torna-se um tutor do aluno com deficiência, uma barreira à aprendizagem e à socialização com os demais.

No capítulo 4 do Guia do Educador Inclusivo abordaremos com maior detalhe as questões relacionadas ao profissional de apoio e daremos exemplos de diferentes possibilidades que estão sendo adotadas pelos municípios.


Notas:

[11] http://diversa.org.br/relatos-de-experiencia/capoeira-resgata-autoestima-de-alunos-excluidos-da-educacao-fisica

[12] Saiba mais sobre a articulação entre a escola e o território onde se localiza e como explorar esse potencial educativo: http://educacaointegral.org.br/experiencias/ipatinga-estudantes-identificar-oportunidades-territorio

[13] http://diversa.org.br/relatos-de-experiencia/capoeira-resgata-autoestima-de-alunos-excluidos-da-educacao-fisica

[14] Alunos criam kit para ensinar ótica para colega cega em parceria com a universidade local, uma vez que a escola não contava com AEE - http://diversa.org.br/relatos-de-experiencia/estudantes-do-ensino-medio-criam-kit-para-ensinar-fisica-colega-cego

[15] Detalhando: diretor, professores, pessoal administrativo e de apoio e todos os alunos.

[16] http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm

[17] http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12764.htm

 

De professor para professor

A seguir, trazemos a experiência da professora Mara Cassas, que começou a receber alunos com vários tipos de deficiência ou com dificuldades de aprendizagem a partir do fim da década de 1980, quando ainda não se falava em Inclusão.

Esse relato é de 2002 e se refere a uma escola particular da cidade de São Paulo.

Como a professora Mara Cassas se preparou para receber alunos com deficiência[18]

Em 2002, a escola promovia reuniões periódicas com os professores e as psicólogas do Setor de Psicologia para discutir temas relativos à inclusão.

Nesse ano trabalhei com alunos de 2ª série, onde havia um relativo número de crianças com dificuldades específicas de aprendizagem. Foi diante dessa diversidade de características de alunos que comecei a repensar e questionar o meu trabalho: como atender a todos em geral e a cada um, particularmente?

Junto com a equipe de apoio da escola, Coordenação Pedagógica e Setor de Psicologia, pensei num trabalho. Tive oportunidade de, através de um registro diário e das conversas com a Coordenação, repensar o meu dia-a-dia. Pude reformular o planejamento, podendo assim atender esses alunos.

O meu trabalho foi feito com o objetivo de proporcionar atendimento individualizado, sempre que possível, para que cada uma dessas crianças pudesse ter um desenvolvimento pleno, dentro das suas possibilidades. Havia crianças com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade e alunos com problemas de Processamento Auditivo.

É o caso de um aluno que apresentava alguns comportamentos diferenciados do padrão esperado. Tendo em vista a minha compreensão da sua necessidade de se movimentar continuamente pela classe, eu permitia que ele tivesse algumas atitudes, mesmo sabendo que eram inadequadas, como bater mãos e pés, andar pela classe, chutar as paredes e sair ocasionalmente para o pátio. Pois, após liberar essa energia, o aluno se acalmava e conseguia se concentrar o suficiente para realizar as atividades pedagógicas propostas. Durante esse processo, observei que esse aluno apresentou um avanço pedagógico e permitiu que ele superasse a fase crítica de seu problema.

Havia na classe, também, vários alunos com dificuldades fonoaudiológicas, com questões emocionais e psiquiátricas, que recebiam atendimento de especialistas.

Quer saber o fim deste relato?
Acesse: https://tudobemserdiferente.wordpress.com/2014/09/25/professora-relata-experiencia-em-sala-de-aula-com-criancas-com-deficiencia

Importante

Essas dicas valem para o processo de desenvolvimento de TODOS os alunos, tenham ou não uma deficiência, uma dificuldade ou transtorno de aprendizagem. Olhar para o trabalho pedagógico de maneira sistêmica favorecerá sua atuação como professor, o entendimento sobre seus alunos e quais as melhores estratégias para garantir sua aprendizagem.


Notas:

[18] https://tudobemserdiferente.wordpress.com/2014/09/25/professora-relata-experiencia-em-sala-de-aula-com-criancas-com-deficiencia

 

Aprendizagem colaborativa

O trabalho colaborativo é mais uma estratégia para a sala de aula. Trabalhar em grupo, saber identificar pontos de sinergia entre os participantes e somar habilidades são habilidades exigidas pelo século 21 e a escola tem um papel preponderante no desenvolvimento delas.

Professor, que tal aproveitar a aprendizagem colaborativa para envolver alunos com e sem deficiência, estimulando neles o gosto pela aprendizagem, criatividade, hábitos de pesquisa e atitudes de empatia?[19]

Aline Santos, coordenadora do portal Diversa , do Instituto Rodrigo Mendes destaca que, para iniciar uma prática inclusiva na qual o protagonismo é dos estudantes, “a gestão escolar não precisa ter todas as respostas, nem esperar pela opinião de especialistas”. O caminho pode ser construído a partir do que os próprios alunos levantarem como possibilidades; desta forma, eles participam da própria criação da estratégia, como ela diz:

Não é preciso coisas mirabolantes, mas sim que os estudantes sejam os protagonistas desse desenvolvimento e que o professor possa atuar como o mediador das ações e do conhecimento a ser construído.

A colaboração pode acontecer em toda e qualquer disciplina – ou pode permear toda a atividade pedagógica, como no Colégio Viver, em Cotia, SP[20].

A seguir, apresentamos dois exemplos que mostram a versatilidade das aplicações da aprendizagem colaborativa: um mapa tátil na aula de Geografia e capoeira na Educação Física.

Jovens elaboram material didático acessível

Motivados pela falta de materiais adaptados, jovens criaram dispositivo com diferentes texturas para facilitar o entendimento de regiões geográficas

Criativos da Escola - 21 de agosto de 2017

Para contribuir com o aprendizado de colegas cegos, os estudantes Eduardo Souza e Laíse dos Sales, respectivamente, do 1º e 2º ano do ensino médio do Colégio Estadual Luiz Viana Filho, de Irecê (BA), decidiram criar um mapa do Brasil acessível. Com diferentes texturas que facilitam no entendimento sobre as regiões geográficas, a iniciativa já foi apresentada para os membros da Associação de Deficientes Visuais de Irecê e Região (Adevir) e fez sucesso entre seus membros. “Foi muito legal ter a aprovação das pessoas com deficiência visual, recebemos muitos elogios pelo projeto”, lembra Eduardo.

Para a professora de geografia e orientadora do projeto “Mapa tátil das regiões brasileiras: conhecendo o Brasil com as mãos”, Alda Freitas, a ação foi importante para exercitar a empatia entre os jovens e aproximar a comunidade escolar como um todo. “Os alunos ficaram muito mais motivados e identificamos uma grande mudança na forma como percebem uns aos outros”.

Continue a ler este relato: http://porvir.org/estudantes-criam-mapa-acessivel-para-auxiliar-colegas-deficiencia-visual

Capoeira também inclui

Um exemplo de criatividade e autonomia é o caso de Fernando de Melo. Com 17 anos, o aluno do 6º ano do ensino fundamental desconstruiu as expectativas e os preconceitos com relação a sua deficiência física e intelectual ao contribuir para a inovação na prática da educação física no contra turno da Escola Municipal Antônio Heráclito do Rêgo, em Recife (PE).

O Fernando era um aluno esquecido e desvalorizado pelos seus colegas e acabava sempre de fora das atividades”, relata a educadora Elisangela Santana, que realiza o Atendimento Educacional Especializado (AEE) no colégio. Ao contar para os outros alunos e professores que jogava capoeira, Fernando surpreendeu a todos e chamou a atenção da gestão, que decidiu abrir as portas da escola para o grupo em que o estudante participa. “Eu fui chamado para o grupo de capoeira e gostei. Estou até hoje e é bom para meu corpo”, conta Fernando. 

A partir de uma roda e de uma palestra sobre a história do esporte para mais de 100 estudantes da escola, a iniciativa também colaborou para quebra de preconceitos sobre a cultura africana e afro-brasileira. “Eu me emocionei muito porque vi uma barreira sendo quebrada pelo Fernando. Os colegas ficaram interessados pelas habilidades dele e hoje todos o valorizam”, descreve Elisângela. Alguns dos alunos que participaram do evento gostaram tanto da iniciativa que, atualmente, praticam capoeira mesmo fora da escola [21].

Veja o vídeo sobre o Fernando e outros jovens, com e sem deficiência, jogando capoeira e makulelê em: https://youtu.be/48DCiNW5hc0, com recursos de Libras e audiodescrição gravado pelo Instituto Rodrigo Mendes em Recife, PE.


Notas:

[19] Leia também: 65 práticas inspiradoras que utilizam o trabalho colaborativo: http://diversa.org.br/tag/colaboracao

[20] http://porvir.org/sem-rotulo-escola-em-sao-paulo-e-sucesso-de-inclusao

[21] http://criativosdaescola.com.br/protagonismo-e-inclusao

 

Inclusão: para todos, com todos e de todos

Para que a inclusão seja “de verdade”, deve envolver todos os participantes da comunidade escolar, desde a direção até a merendeira. O envolvimento de todos é motivador e cria um ambiente ativo de aprendizagem.

O aluno com deficiência ou dificuldade de aprendizagem não é responsabilidade apenas do professor de sala ou do professor do AEE: ele é um aluno da escola.

Na escola, todo adulto é um professor.

Receber um aluno com deficiência significa:

  • Assumir responsabilidades para garantir o direito constitucional dele à Educação;
  • Implantar mudanças metodológicas e organizacionais, desde a matrícula. O Art. 24 da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência estabelece, no Item 2:
    • Para a realização desse direito [à Educação], os Estados Partes assegurarão que as pessoas com deficiência não sejam excluídas do sistema educacional geral sob alegação de deficiência (...)
  • Respeitar a LBI – Lei Brasileira de Inclusão de Pessoas com Deficiência[22], que dedica o Capítulo IV ao Direito à Educação: art. 27 a 30.

Resumindo, a professora Maria Teresa Mantoan, pedagoga e professora na UNICAMP, considera que:

(...) existe ensino de qualidade quando as ações educativas se pautam por solidariedade, cooperação, compartilhamento do processo educativo com todos os que estão direta ou indiretamente nele envolvidos. Em suas práticas predominam a experimentação, a criação, a descoberta, a coautoria do conhecimento[23]. Negrito nosso.

Lembre-se

O público alvo da Educação Especial são APENAS os alunos com deficiência;

Dificuldade de aprendizagem NÃO é deficiência;

O AEE é apenas para: alunos com deficiência, Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) e Altas Habilidades/Superdotação.

Legislação sobre Atendimento Educacional Especializado (AEE)


Notas:

[22] http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm

[23] Maria Teresa E. Mantoan, Para uma escola do século XXI. Livro digital disponível para download: http://educacaoinclusivaemfoco.com.br/wp-content/uploads/2015/03/MantoanMariaTerezaEgler.pdf , p. 104.

 

Quem pode/deve participar das atividades?

Recorremos novamente à professora Maria Teresa Mantoan, para responder a pergunta: Quem pode participar das atividades?

Para ela,

As atividades precisam ser desafiadoras para estimular os alunos a realizá-las, segundo seus níveis de compreensão e de desempenho escolar.

Não se excluem das atividades os alunos que o professor considera sem condições de realizá-las e para os quais devem ser oferecidas tarefas mais fáceis de serem resolvidas com sucesso. As atividades precisam suscitar exploração, descobertas a partir das possibilidades e dos interesses dos alunos, que optaram por desenvolvê-las em pequenos grupos ou por si mesmos, sem qualquer ensino diferenciado para alguns alunos mais avançados ou com menos capacidade. É importante lembrar que ensinar é um ato coletivo, mas o aprender sempre é individualizado[24]. (negrito nosso)

Portanto, a pergunta certa não é: quem deve participar da aula, das atividades, dos passeios, mas sim Como possibilitar que cada um e todos aprendam? Afinal, estamos falando de Educação Inclusiva!

A professora Sílvia Ester Orrú[25] traz uma resposta: nossos eixos de interesse (música, matemática, ciências) podem ser pontes para o aprendizado e o desenvolvimento de todos os alunos. Todos temos pelo menos um eixo de interesse, tenhamos ou não uma deficiência ou uma dificuldade de aprendizagem.

Ela esclarece:

Não se trata de restringir ou privar, mas, ao contrário, de expandir possibilidades ao garantir o direito à diferença. Enquanto a busca pela homogeneização limita, a diferença surpreende, amplia e enriquece. A partir dos eixos de interesse, todos os domínios de conhecimento são trabalhados, mas de modo muito mais espontâneo, prazeroso e significativo. É muito provável que essa criança tenha maior êxito em seu processo de aprendizagem, de modo a descobrir maneiras de tirar proveito daquilo que gosta de fazer e a partir disso também aprender a melhor se relacionar com as demais pessoas e a constituir-se na sociedade da qual faz parte.


Notas:

[24] Maria Teresa E. Mantoan, “Para uma escola do século XXI”. Download: http://educacaoinclusivaemfoco.com.br/wp-content/uploads/2015/03/MantoanMariaTerezaEgler.pdf . P. 107

[24] http://diversa.org.br/artigos/eixos-de-interesse-pontes-para-o-aprendizado-e-desenvolvimento-de-todos-os-alunos

 

Como ensinar com qualidade, na perspectiva inclusiva[26]

  • Uma aula é um espaço de criação, que o professor divide com os alunos, sem a pretensão de que eles o reproduzam. Ele espera que eles retirem oportunidades para criar o próprio entendimento de um dado conteúdo ou tema de estudo;
  •  Fique atento às buscas do estudante e disponibilize recursos, levante novas questões que possam ser úteis para que ele encontre uma solução, uma saída, sem determinar o caminho. O aluno deve encontrar o que deseja conhecer, para construir o seu aprendizado;
  • Ofereça e explore os espaços educacionais com seus alunos, para que percebam e entrem em relação com o que está sendo estudado;
  • Respeite a identidade sociocultural dos alunos;
  • Valorize a capacidade de entendimento que cada um deles tem do mundo e de si mesmos;
  • Invista nos potenciais e capacidades dos alunos e na riqueza de um ambiente que estimula significados, desejos, experiências;
  • Garanta a liberdade e a diversidade das opiniões de todos;
  • Possibilite que o aluno aprenda a partir do que sabe e chegue até onde é capaz, na construção do conhecimento. Não determine, de antemão, o que ele “vai aprender” ou “o que pode aprender”.

Notas:

[26] Baseado no livro “Para uma escola do século XXI”, Maria Teresa E. Mantoan. Download. http://educacaoinclusivaemfoco.com.br/wp-content/uploads/2015/03/MantoanMariaTerezaEgler.pdf . P.111

 

Recursos pedagógicos acessíveis

A quantidade de recursos pedagógicos para alunos com todos os tipos de deficiência é muito grande e aumenta rapidamente. Há recursos caros e sofisticados, outros são gratuitos e de qualidade. É possível desenvolver recursos ou adaptá-los, inclusive usando sucata.

A seguir, apresentamos uma gama variada de recursos. Para facilitar a apresentação, organizamos pelos tipos de deficiência mais conhecidos: surdez, deficiência visual, deficiência física e deficiência intelectual.

No item Para saber mais, no final deste capítulo, você encontra mais dicas.

Dica

Não se prenda às classificações: muitas vezes, um recurso que foi desenvolvido pensando em um tipo de deficiência pode ser utilizado com bons resultados por alunos com outro tipo de deficiência ou inclusive por alunos sem deficiência.

De novo: o determinante é o aluno, sua demanda e característica.

Seja flexível.

 

Alunos surdos usuários de Libras

A Diversidade também está presente no grupo formado pelas pessoas surdas, que podem ser divididas, de modo geral, em dois grandes grupos (embora haja outros): surdos que usam Libras (Língua brasileira de sinais) e surdos oralizados, que usam o português.

Vamos começar pela educação de surdos que usam Libras.

O blog Surdo para Surdo define assim a Cultura Surda:

As pessoas Surdas como minoria linguística têm uma experiência comum de vida, e isso se manifesta na cultura dos Surdos, incluindo crenças, atitudes, histórias, normas, valores, tradições literárias e arte compartilhadas por pessoas Surdas.

A Cultura Surda está no coração das comunidades Surdas em todo o mundo. Cada comunidade Surda é um grupo cultural que partilha uma língua de Sinais e uma herança comum.

Membros de comunidades Surdas em todo o mundo, portanto, se identificam como membros de grupo cultural e linguístico. A identificação com a comunidade Surda é uma escolha pessoal e geralmente é feita independente do grau da surdez do indivíduo, e a comunidade não é automaticamente composta por todas as pessoas Surdas ou com deficiência auditiva.

A comunidade Surda também pode incluir membros da família de Surdos, intérpretes de Língua de Sinais e pessoas que trabalham ou socializam com pessoas Surdas que se identificam com a cultura Surda[27].

Na Educação, o Brasil adotou o modelo do bilinguismo, que pode ser assim definido:

O bilinguismo tem como pressuposto básico a necessidade do surdo ser bilíngue, ou seja, este deve adquirir a Língua de Sinais, que é considerada a língua natural dos surdos, como língua materna e como segunda língua, a língua oral utilizada em seu país. Estas duas não devem ser utilizadas simultaneamente para que suas estruturas sejam preservadas. O conceito mais importante que a filosofia traz é que os surdos formam uma comunidade, com cultura e língua próprias[28].

A solução do bilinguismo busca suprir as necessidades de quem pouco ou nada ouve, sendo que a Libras, considerada língua materna, deve ser oferecida em primeiro lugar, pois possibilita que a criança desenvolva plenamente seu sistema cognitivo. Posteriormente a criança surda deverá ter acesso ao português, na modalidade escrita, que dará a ela acesso a uma sociedade majoritariamente ouvinte.

Lembre-se:

Nem todo surdo usa Libras – língua brasileira de sinais.

Há surdos que são oralizados, ou seja – falam português. São os SULP – surdos usuários da língua portuguesa.

Há surdos que não tiveram oportunidade de aprender Libras e nem de desenvolver a fala. Para se comunicar, usam mímica e poucos gestos, compreendidos apenas pela família. Nem sempre chegam à escola.

 

Recursos existentes: alguns exemplos

  • Serviço de profissionais tradutores/intérpretes de Libras;
  • Textos em formato digital acessível bilíngue;
  • Softwares que utilizam avatares, que simulam uma pessoa e utilizam a Libras. Aqui no Brasil podemos citar duas empresas, que têm soluções para democratizar o acesso à informação e facilitar a comunicação entre surdos e ouvintes:
    • A empresa Hand Talk[29], que desenvolveu um aplicativo complementar ao trabalho dos intérpretes de Libras e criou Hugo, um personagem tridimensional que torna a comunicação interativa e de fácil compreensão, entre surdos e ouvintes.

Equivalente textual da imagem: tela de um celular, que mostra o Hugo. Ele tem pele clara, cabelo escuro e curto e usa óculos. Veste camisa social branca, cujas mangas estão arregaçadas. Sua gravata é azul clara e a calça é azul marinho. Suas mãos estão cruzadas uma sobre a outra, na altura da cintura, em posição de descanso entre sinais.

cap3 fig2 handtalkhugo

Figura – 1 – Avatar Hugo, da Hand Talk

  • O Pro Deaf[30], software de tradução de texto e voz da língua portuguesa para Libras, também utiliza um avatar;
  • Dicionários de Libras.

Dica

Professor, mesmo que você aprenda Libras, lembre-se de levar em consideração o regionalismo e gírias utilizados por seus alunos: Libras tem palavras e expressões regionais, assim como o Português.


Notas:

[27] https://blog.surdoparasurdo.com.br/cultura-surda-parte-1-b00674f6ac7c

[28] https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/idiomas/o-bilinguismo-o-que-e/33865

[29] http://www.handtalk.me/sobre

[30] http://prodeaf.net

 

Alunos com deficiência visual: exemplos de recursos

A deficiência visual também apresenta um gradiente de situações, indo da total ausência de visão (cegueira) até a baixa visão, quando a pessoa percebe apenas luzes ou vultos.

Nem todos sabem que a maioria das pessoas com deficiência visual não é completamente cega: ao contrário, conseguem enxergar vultos ou luminosidade. Esta condição é chamada de baixa visão e nem sempre é percebida imediatamente: muitas pessoas não usam bengala, porque não precisam dela para se locomover e o seu globo ocular pode estar preservado.

Cada pessoa com baixa visão tem suas características; é praticamente impossível tratá-las do mesmo jeito, como definir um padrão de tamanho de fonte para leitura, cores e contrastes adequados, distância necessária para identificar pessoas e objetos, iluminação ideal, etc. Por isso, qualquer generalização no caso dos indivíduos com baixa visão é arriscada.

Caso haja um aluno com baixa visão em sua sala, pergunte a ele quais são as melhores formas para participar da aula.

  • Sistema braille: é uma alternativa para leitura e escrita. Por isso, a Sala de Recursos Multifuncionais e, se possível, a biblioteca devem ter equipamentos e pessoas que produzam material impresso em braille, segundo normas técnicas[31];
  • Softwares - os leitores de telas com sintetizadores de voz possibilitam navegar na Internet e usar a mesma tecnologia e o mesmo computador que as pessoas que enxergam usam;
  • Softwares ampliadores de tela podem ampliar imagens em até 66 vezes sem distorção e mudar cores e contrastes;
  • Há impressoras específicas para braille.

Notas:

[31] http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/textosbraile.pdf

 

Audiodescrição

Este recurso é versátil e também pode ser utilizado na escola, com bons resultados para todos.

A audiodescrição é um recurso de acessibilidade comunicacional, que transforma o visual em verbal, “(...) para que informações – chave transmitidas visualmente não passem despercebidas e possam também ser acessadas por pessoas cegas ou com baixa visão”, como definem Eliana Franco e Manoela C. Carvalho da Silva[32].

Ela começou a ser utilizada na década de 1980, para que pessoas com deficiência visual pudessem acompanhar peças de teatro com autonomia. A partir daí, passou a ser aplicada em filmes, óperas, etc.

Também beneficia idosos, pessoas com deficiência intelectual e até mesmo pessoas sem deficiência, que às vezes não se atentam para algum detalhe.


Notas:

[32] Audiodescrição: breve passeio histórico, p. 23.

 

Audiodescrição na escola

  • A audiodescrição pode funcionar como uma prática colaborativa: alunos que enxergam podem descrever ilustrações, fotos e situações para o colega com deficiência visual;
  • Usos: descrição de imagens em livros didáticos; filmes; atividades extracurriculares (passeios, feiras, exposições, etc.).

 

Outros recursos visuais

  • Auxílios ópticos, como lentes, lupas manuais e lupas eletrônicas – para pessoas com baixa visão;
  • Material gráfico com texturas e relevos, mapas e gráficos táteis – podem ser utilizados por todos os alunos, com ou sem deficiência: concretizam os conceitos e atraem o interesse de todos.

 

Alunos com deficiência física ou dificuldades motoras

A deficiência física compreende grande variedade de condições: dificuldade ou impossibilidade de movimentar braços; dificuldade ou impossibilidade de movimentar pernas; total ausência de movimentos dos quatro membros; nanismo; paralisia cerebral; amputação; má formação congênita, entre outras. Na maioria dos casos, o cognitivo está preservado.

Caro Professor, converse com o aluno e com o responsável e também observe sua movimentação: ele pode usar cadeira de rodas, muletas, andadores.

Em alguns casos, será necessário apenas mudar a posição da carteira ou providenciar uma carteira que comporte a cadeira de rodas. Quer mais dicas? Veja em http://diversa.org.br/acessibilidade-na-escola-principios-conceitos-e-exemplos-para-se-inspirar

 

Dica: acessibilidade física

  • O acesso aos locais frequentados pelo aluno deve permitir a passagem da cadeira de rodas ou a locomoção com muletas ou bengala;
  • O aluno deve ter acesso à escola toda: sala de aula, biblioteca, recreio, cantina, pátio e outros espaços;
  • A carteira deve permitir o encaixe da cadeira de rodas; se ele utilizar o computador, deve permitir boa visualização da tela.

 

Dicas para utilizar o computador

Em alguns casos, o computador (notebook, tablet, desktop) pode ser o caderno do aluno, onde ele faz as lições e se comunica com o professor e colegas.

O professor Teófilo Galvão Filho, especialista em Educação Inclusiva e em Tecnologia Assistiva, classifica os recursos de Tecnologia Assistiva para acessar o computador em três grupos[33]:

  • Adaptações físicas ou órteses

Órteses: aparelhos ou adaptações fixadas/colocadas no corpo do aluno e que facilitam sua interação com o computador.

  • Adaptações de hardware

São todos os aparelhos ou adaptações presentes nos componentes físicos do computador, nos periféricos, ou mesmo quando os próprios periféricos, desde sua concepção e construção, são adaptados.

  • Softwares de acessibilidade

São programas de computador que possibilitam ou facilitam a interação do aluno com deficiência com a máquina.

Há softwares para várias condições; até para quem controla apenas o movimento dos olhos. Muitos são gratuitos. Veja o item “Para saber mais” no final deste capítulo.

Importante

O sistema Windows tem a aba "Opções de Acessibilidade" (Iniciar - Configurações - Painel de Controle - Opções de Acessibilidade), que permite modificar as configurações do computador, adaptando-o a diferentes necessidades dos alunos


Notas:

[33] http://www.galvaofilho.net/assistiva/assistiva.htm

 

Alunos com dificuldades de comunicação

Quando falamos em comunicação, pensamos imediatamente na fala e na voz.

Porém, também nos comunicamos por expressões faciais, gestos, olhares, ou seja, o ser humano tem recursos verbais e não verbais para expressar sentimentos e opiniões.

Há pessoas que têm dificuldade, temporária ou permanente, para se comunicar com a voz. Vários grupos de pessoas com deficiência podem ter esta dificuldade: pessoas no espectro autista não verbais, pessoas com paralisia cerebral, entre outros.

A Ahimsa – Associação Educacional para Múltipla Deficiência[34] define o seu público alvo – que tem dificuldades específicas para se comunicar – desta forma:

Deficiência Múltipla Sensorial – pode ser uma combinação de condições:

  • Deficiência auditiva/surdez e deficiência intelectual, ou
  • Deficiência auditiva/surdez e deficiência físico-motora ou
  • Transtornos do espectro do autismo (TEA) e deficiência múltipla sensorial: associação de baixa visão ou cegueira, a uma ou mais deficiências e ao distúrbio de comunicação.

Surdocegueira

Pessoas com surdocegueira (congênita ou adquirida ao longo da vida) também podem ter dificuldades na comunicação.

Antigamente, a surdocegueira era considerada uma deficiência múltipla, como se fosse a junção de duas deficiências: visual e auditiva. A grafia utilizada refletia esse entendimento: surdo-cegueira.

Estudos posteriores mostraram que ela é, na verdade, uma única deficiência. Essa nomenclatura vem sendo adotada por instituições nacionais e internacionais desde meados da década de 1990.

Para as especialistas Shirley Maia e Susana e Susana de Araoz:

A surdocegueira não é somente a perda da visão e da audição na sua totalidade, mas também é representada pelas perdas parciais da visão e audição de forma conjunta, de tal modo que a combinação causa extremas dificuldades para a pessoa, assim Kidney (1977) transcreve a definição aprovada na I Conferência Internacional que aconteceu nesse ano.

Os sentidos da audição e da visão são os sentidos que permitem à pessoa o reconhecimento do mundo à distância, fornecem informação instantânea à sua volta e facilitam o acesso à cultura. A pessoa com surdocegueira é privada destas facilidades, ela precisa recorrer ao tato que oferece informações pontuais, mais demoradas e obtidas por meios de comunicação alternativos[35].

Pessoas com surdocegueira podem ser subdivididas em quatro categorias:

  • Indivíduos que eram cegos e se tornaram surdos;
  • Indivíduos que eram surdos e se tornaram cegos;
  • Indivíduos que se tornaram surdocegos;
  • Indivíduos que nasceram ou adquiriram surdocegueira precocemente, ou seja, não tiveram a oportunidade de desenvolver linguagem, habilidades comunicativas ou cognitivas nem base conceitual sobre a qual possam construir uma compreensão de mundo.

A surdocegueira pode ser congênita (de nascença) ou adquirida. As deficiências auditiva e visual podem ter diferentes graus de comprometimento, fazendo com que a pessoa desenvolva diferentes formas de comunicação, para interagir com os demais e com o meio ambiente.

Há estratégias pedagógicas específicas para pessoas com surdocegueira. Na página http://www.ahimsa.org.br/centro-de-recursos você encontra informações importantes.

Para esses casos – e também para pessoas sem escrita funcional ou com defasagem entre sua necessidade comunicativa e sua habilidade de falar e/ou escrever, a área da Tecnologia Assistiva tem recursos deComunicação Alternativa e Ampliada (CAA)


Notas:

[34] www.ahimsa.org.br

[35] http://coralx.ufsm.br/revce/ceesp/2001/01/a3.htm

 

Comunicação Alternativa e Ampliada: conceito

Segundo Miryam Pelosi

O termo Comunicação Alternativa e Ampliada é utilizado para definir outras formas de comunicação como o uso de gestos, sinais da língua de sinais, expressões faciais, o uso de pranchas de alfabeto ou símbolos pictográficos, comunicadores, até o uso de sistemas sofisticados como o computador com voz sintetizada e tablets[36].

Comunicação Alternativa e Ampliada na escola

Há recursos simples, como as pranchas de comunicação, que podem ter letras, palavras escritas, fotos e/ou figuras, utilizadas para expressar perguntas, desejos ou sentimentos. Esses recursos possibilitam que o professor trabalhe aspectos relacionados à compreensão de situações e o uso da linguagem pelo aluno.

A comunicação alternativa pode acontecer também por meio de objetos, calendário de antecipação e finalização de atividades, pistas de ambiente (cheiro, barulho, etc.), pistas de movimento (caminhar, levantar, sentar), pistas táteis, pistas de toques no corpo do aluno – ou seja, além das pranchas de comunicação, há vários outros recursos.

A figura abaixo mostra uma prancha de comunicação.

Equivalente textual da imagem:: Prancha dividida em oito quadrados, quatro em cada fileira. Em cada quadrado há um desenho que representa uma emoção: medo, entediado, com fome, feliz, com dor e triste. Na fileira de baixo, o quadrado à esquerda tem uma seta para a esquerda, que permite ir para a prancha anterior. O quadrado à direita tem uma seta que permite avançar. Fonte: http://www.livox.com.br

cap3 fig3

Figura 2 – Prancha de comunicação

Há recursos que utilizam alta tecnologia, como pranchas com produção de voz, softwares específicos e pranchas dinâmicas para tablets, que dão mais eficiência à função comunicativa, como mostra a foto abaixo.

Equivalente textual da imagem: A foto mostra um garoto, à esquerda. Ele está de lado e segura um vocalizador, que é um dispositivo para comunicação alternativa e ampliada, com ambas as mãos.

cap3 fig4

Figura 3 – Garoto usa prancha de comunicação, instalada no vocalizador.

Todos esses recursos, simples ou sofisticados, podem ser customizados, ou seja, adaptados para atender às necessidades individuais, de expressão de ideias, emoções e necessidades.

O que vale é assegurar que o direito à comunicação aconteça.


Notas:

[36] https://sites.google.com/site/comparandorecursosdecaa

 

Avaliação e definição do sistema de comunicação alternativo

A publicação “Recursos para Comunicação Alternativa[37] sugere que o professor considere os seguintes itens:

  • Habilidades físicas do usuário: acuidade visual e auditiva; habilidades perceptivas; fatores de fadiga; habilidades motoras tais como preensão manual, flexão e extensão de membros superiores, habilidade para virar páginas;
  • Habilidades cognitivas: compreensão, expressão, nível de escolaridade, fase de alfabetização;
  • Local onde o sistema será utilizado: casa, escola, comunidade;
  • Com quem o sistema será utilizado: pais, professores, amigos, comunidade em geral;
  • Objetivo de utilização do sistema: ensino em sala de aula, comunicação entre amigos.

Para tanto, é fundamental:

  • Identificar habilidades existentes e o potencial do aluno;
  • Conversar com o próprio aluno, seus familiares e com um profissional especializado: o professor da Sala de Recursos Multifuncionais ou outro, que conheça o aluno e as Tecnologias Assistivas existentes.

Notas:

[37] http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/ajudas_tec.pdf . P. 7.

 

Acessibilidade para pessoas com deficiência intelectual?

Estamos habituados a pensar e a providenciar recursos para comunicação e aprendizagem para pessoas com outros tipos de deficiência: rampas, elevadores, intérprete de Libras, piso tátil, braille ou tipos ampliados são alguns exemplos que conhecemos.

Mas, e para alunos com deficiência intelectual? Como garantir que eles tenham acesso à informação?

A resposta está na acessibilidade comunicacional, modalidade ainda pouco conhecida – que significa que o conteúdo, qualquer que seja, deve estar compreensível para pessoas com deficiência intelectual.

ATENÇÃO

Não são todas as pessoas com deficiência que precisam de acessibilidade comunicacional.

É importante avaliar caso a caso, senão nivelamos por baixo o aluno com deficiência intelectual, como se todos não fossem capazes de atingir níveis mais elaborados.

Instituições de outros países (como Down España[38] e Down Syndrome Education[39], na Inglaterra) desenvolveram o conceito de “easy read”, que pode ser traduzido como “leitura fácil” ou “leitura simplificada”.


Notas:

[38] http://www.sindromedown.net

[39] https://www.down-syndrome.org/en-us

 

Características dos textos de leitura fácil

  • Linguagem simples;
  • Frases curtas;
  • Imagens que complementam o conteúdo.

No Brasil, o Movimento Down[40] tem divulgado esse recurso e orienta como deve ser utilizado[41].

Importante

Textos em formato simplificado beneficiam:

  • Pessoas com deficiência intelectual (síndrome de Down e outras condições), se necessitarem;
  • Pessoas com baixo letramento, com ou sem deficiência;
  • Surdos que utilizam Libras e têm dificuldade com o português;
  • Imigrantes que ainda não dominam o português.

Quer saber mais sobre práticas e artigos interessantes sobre adequações curriculares e inclusão de alunos com deficiência intelectual? Pesquise em www.diversa.org.br – use a ferramenta de busca e encontre muitas informações.


Notas:

[40] www.movimentodown.org.br

[41] http://www.movimentodown.org.br/2013/10/orientacoes-gerais-da-construcao-de-texto-de-leitura-facil-no-movimento-down

 

Finalizando

Este capítulo traz uma pequena relação dos muitos recursos pedagógicos e materiais didáticos que existem na Internet. Vale a pena conhecê-los e utilizá-los em suas aulas.

Convidamos você a pesquisar outros materiais e recursos – e a desenvolver os seus também!

A nossa conversa continua: no capítulo 4 você conhecerá materiais que apoiam a prática pedagógica inclusiva.

 

Referências citadas nesse capítulo

 

Para saber mais

Aqui você encontra indicações de publicações, vídeos, sites e blogs; porém, na Internet há muitas mais. Use estas dicas como trampolim e mergulhe no Google, sem medo de ser feliz! Se você perguntar, ele responde.

Os links deste capítulo foram testados e estavam ativos em março 2018.

O material está organizado por assunto e em ordem alfabética.

 

Textos

Acessibilidade espacial

  • Manual de Acessibilidade Espacial para Escolas
    Fundamentado na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e na ABNT 9050, fala da orientação espacial, determinada pelas características ambientais que permitem aos indivíduos reconhecer a identidade e as funções dos espaços, assim como definir estratégias para seu deslocamento e uso. Há dois depoimentos de alunas com deficiência: uma com deficiência visual e outra com deficiência mental (intelectual), que comentam suas dificuldades de orientação espacial.
    http://www.mp.go.gov.br/portalweb/hp/41/docs/manual_escolas_-_deficientes.pdf.pdf

Atendimento Educacional Especializado

  • Série: “Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar” - elaborada pela Universidade Federal do Ceará, com apoio do MEC, publicada em 2010. Está disponível para download. Embora esteja desatualizada no que se refere à legislação educacional, vale pela parte pedagógica.
    Para baixar: http://www.assistiva.com.br/aee.html

Audiodescrição

  • Audiodescrição na escola: abrindo caminhos para leitura de mundo. Lívia Motta. Campinas, SP: Pontes Editores, 2016.
  • Audiodescrição: transformando imagens em palavras – gratuito https://www.vercompalavras.com.br/livro

Autismo

Bilinguismo

Braille

Comunicação alternativa

Convivência na escola

Deficiência intelectual

Desenho Universal para Aprendizagem

Direitos

Formação do professor

Libras - língua brasileira de sinais

Livros acessíveis para pessoas com deficiência visual

Nota: Conservamos o termo utilizado no original, embora esteja em desacordo com a nomenclatura atual.

MEC

Profissional de apoio

Projeto Político Pedagógico (PPP)

Salas de Recursos Multifuncionais

Recursos pedagógicos acessíveis

  • O Diversa tem um acervo de materiais pedagógicos acessíveis inspirados no conceito do Desenho Universal para Aprendizagem (DUA). Veja como construí-los e usá-los em sala de aula:
    http://diversa.org.br/materiais-pedagogicos

Salas de Recursos Multifuncionais

 

Vídeos

Autismo e Comunicação Alternativa

Baixa visão na escola

O brincar na diferença

Iniciativas educacionais inovadoras

Sites

Audiodescrição

Autismo

Educação

  • Diversa
    Rede colaborativa sobre educação inclusiva. O portal, desenvolvido pelo Instituto Rodrigo Mendes, oferece artigos, práticas inspiradoras, vídeos com recursos de acessibilidade e soluções construídas coletivamente por sua comunidade de usuários.
    http://diversa.org.br

Inclusão (geral)

  • Inclusive – Inclusão e Cidadania - Site acessível; notícias, campanhas, depoimentos e publicações sobre Direitos Humanos e Inclusão Social. Tem ferramenta de busca.
    www.inclusive.org.br

Softwares de acessibilidade

  • NVDA – para pessoas com deficiência visual; gratuito
    http://www.lerparaver.com/node/11088
  • F123 – gratuito; tem um pacote de possibilidades; para pessoas com deficiência visual
    http://f123access.com/pt-br
    O F123 Access é um software que reformata as páginas da web, tornando-as mais acessíveis a pessoas cegas. Ele é uma extensão para o navegador, que é instalada no seu Mozilla Firefox ou Google Chrome. É compatível com vários leitores de tela, incluindo Jaws, NVDA, Orca, VoiceOver e Window Eyes. A versão atual foi projetada para uso com os navegadores Mozilla Firefox e Google Chrome.
    Nosso software faz muitas alterações automáticas com base nas informações que já estão na página, mas que podem estar no lugar errado ou ilegíveis para o software leitor de tela.
  • Motrix – gratuito. Para pessoas com tetraplegia ou deficiências motoras severas que impeçam o uso efetivo dos membros superiores. Através dele, é possível comandar com a voz a maior parte das funções de um computador com Windows.
    http://intervox.nce.ufrj.br/motrix/download.htm

Surdocegueira

Surdocegueira e múltipla deficiência

 

Relação de imagens

  1. Avatar Hugo, da Hand Talk
  2. Prancha de comunicação
  3. Garoto usa prancha de comunicação, instalada no tablet

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